28 de nov. de 2013

O guerreiro, o herói e o médico

Hello sweeties,

eu sei que já existem inúmeras reviews, listas, videos, easter eggs sobre o assunto, mas resolvemos comentar também uma das melhores experiências de nossa vida nerd. O texto abaixo, obviamente, contém spoilers (River's voice) e está cheio de "fangirlidades". Então, se você quiser dar gritinhos, chorar de emoção ou entender um pouquinho dessa mania, gruda na gente.

 Reboot de Merlin que você não sabia que queria



Escrever um texto sobre Doctor Who é difícil quando tudo o que você quer fazer é gritar "allons-y", "geronimo", "Gallifrey", "Bad Wolf", "timey wimey" ou algo do tipo. Ainda estou sofrendo da ressaca do episódio especial (The Day of the Doctor) em comoração dos 50 anos da série, acho que o tempo só vai confirmar que foi uma das melhores experiências da minha vida nerd.

Para os coleguinhas que não sabem o que diabos é Doctor Who, o  Doctor (só Doctor, sem Who) é um alienígena vindo do planeta Gallifrey que tem dois corações e a habilidade de se regenerar quando sofre um ferimento fatal, por isso que o mesmo personagem foi interpretado por diversos atores ao longo dos anos. Ele é um Time Lord e viaja pelo tempo e espaço na Tardis (acrônimo de Time and Relative Dimension(s) in Space ou Tempo e Dimensão Relativas no Espaço), para viver altas aventuras e curtir altos agitos com uma galerinha da pesada.

Servindo como contraponto ao Doctor, os companheiros de viagem (companions) existem não somente para tirar o pobre de sua solidão infinita mas também para explicar o que diabos wibbly wobbly coisas estão acontecendo. Sem eles seria difícil engolir a quantidade de criaturas e situações completamente aleatórias e sem sentido que o tempo e o espaço reservam.

Com histórias que levam da gargalhada às lágrimas e uma mensagem universal de união e esperança, é fácil perceber o porquê da longevidade da série criada em 1963. Mas o principal, pra mim, sempre são os personagens, e nisso Doctor Who é especial. Não posso falar muito sobre a série clássica, mas em todas as sete temporadas atuais ainda não apareceu um personagem que não fosse importante. De vilões, a mocinhos, passando por criaturas vindas de todo espaço e tempo, Doctor Who cria uma empatia com os personagens que é difícil não se apegar a cada um deles, mesmo os que aparecem apenas por alguns minutos.

Muito disso é culpa do reinventor da série, Russel T. Davies, que por quatro temporadas criou alguns dos personagens mais amados pelos fãs de fantasia e ficção científica, além de trazer de volta alguns rostos conhecidos da série clássica. O problema é que os personagens muitas vezes tem destinos cruéis, alguns mais cruéis que a morte eu diria.

Mas por vezes todos sobrevivem felizes e isso é o que faz The Day of the Doctor mais especial: é o dia em que todos os mocinhos são salvos (RIP Skaro). Durante sete temporadas vemos um Doctor de luto, sentindo a culpa de ter destruído o próprio planeta e a solidão de ser o último da sua espécie, mas provavelmente ninguém esperava o que estava prestes a acontecer.


O guerreiro

Baby don't hurt me NO MORE

O George Lucas de Doctor Who, Sr. A-Série-É-Minha-Eu-Cago-Pra-Mitologia-Pré-Estabelecida-E-Desenvolvimento-De-Personagens, Steven Moffat criou, no fim da sétima temporada, um Doctor que simplesmente não pertence. John Hurt é o "War Doctor", o guerreiro, que esteve presente durante a Time War, guerra que acabou com a destruição de Gallifrey. Por existir como regeneração do oitavo Doctor, na contagem ele seria o número 8,5, mas nosso querido (só que não) showrunner disse que não era para considerar Doctor Hurt como Doctor, já que o próprio personagem negava esse passado.

Pois bem, vou fingir que acredito nessa palhaçada toda.

Em The Day of the Doctor o guerreiro da Time War funciona, mas muito por conta de John Hurt ser um excelente ator e sambar na cara de todos os outros. Na primeira cena tudo o que eu ouvi foi "In a land of myth, in a time of magic..", porque o sentimento é exatamente esse, só com magia para o War Doctor existir. O ponto alto, para mim, foi a homenagem à Rose Tyler, vinda na forma de Billie Pipper Bad Wolf (se começarem a chamar ela de "The Girl of The Moment" eu desisto) como a consciência do "Momento", também conhecido pelo nome de bomba. Por que Doctor Strangelove tinha que parar de se preocupar e amar a bomba.

Enfim, Doctor Hurt encontra 11th e 10th, para ver o que ia acontecer depois que ele apertasse o "Big Red Button" e decidir se ele deveria mesmo fazer isso, é aí que a alegria acontece. Fazendo o papel que todo o fã queria, John Hurt zoa com a gravata borboleta, fez, all star e principalmente com a mania de apontar a sonic screwdriver ("arma" do Doctor) para nada! Okay Moff, essa foi boa. E é isso. Esse é o guerreiro, quase um alívio cômico.


O herói

Doctor Emo cries in the rain

O favorito de muitos (inclusive nosso) David Tennant, o 10th, não poderia faltar nesse episódio especial. Como já é tradição da série fazer o encontro de Doctors em episódios especiais, os fãs e o próprio Tennant já aguardavam pelo momento em que o Doctor herói encontra sua mais nova encarnação, o 11th de Matt Smith. E foi apenas mágica.

Apesar do look Doctor Emo, 10th já aparece amarrando a história do casamento com a Elizabeth I, citado algumas vezes ao longo das temporadas. Mas isso já era esperado depois dos trailers e entrevistas, o que a gente não sabia era o tamanho da saudade da época em que por vezes o objetivo era salvar o universo e por outras era apenas wibbly wobbly timey wimey stuff. Com sua Tardis steampunk e sua pequena sonic screwdriver, 10th não precisa compensar nada com objetos. A emoção vem com olhares, poucas palavras (bad wolf), gestos, números (2,47bi), referências e falas memoráveis, o herói é pura homenagem. We don't want you to go either.


O médico
 
Doctor Doctor can't you see I'm burning, burning

Genericamente médicos, ou doutores, se preocupam em cuidar, tratar e salvar vidas, mas eles também fazem uma coisa mais específica, que são remendos. Se você tem um corte, vamos supor, no braço (ou na parede do seu quarto, wink wink) e precisa levar uns pontinhos ou se você faz uma cirurgia no coração e abre o peito, um médico vai te remendar, certo? (okay, residentes, enfermeiros, auxiliares... é só pra provar um ponto). Pois bem, essa é a função do Doctor Doctor, o Doctor médico e atual-não-por-muito-tempo 11th.

Na série ele já começa remendando uma fenda temporal (era isso minha gente? Nunca compreendi), depois remenda a questão dos paradoxos, pontos fixos no tempo, linha do tempo de personagens, mitologia da série e daí por diante. Não sendo diferente, como protagonista do especial o 11th chega para remendar um erro cometido pelo Doctor no passado. Para nossa alegria, diga-se de passagem, já que as possibilidades agora são imensas.


Mas apesar de deliciosamente adorável, falta um pouco de profundidade no 11th Doctor e isso fica muito nítido quando coloca ele perto do Doctor Tennant e até do Doctor Hurt. Como muitos personagens do tio Moff em Doctor Who, o próprio Doctor é um personagem-função. Ele tem personalidade, pois Matt Smith é uma graça, mas funciona basicamente para o propósito de quebrar as regras necessárias para passar a impressão de que o tempo e o espaço já eram assim desde o princípio. Ele não é uma pessoa, ele é um meio, uma peça no xadrez de Moff.


A consciência


Clara Oswald Cobblepot e Rose Tyler Durden

Entre distrações, homenagens e consciências, os outros personagens fizeram sua parte para que os Doctor andassem. As distrações arranjando uma desculpa para a existência dos quadros 3D de Gallifrey (só consegui pensar naqueles holográficos que mexem quando você olha de outro ângulo) e as homenagens para fazer chorar e gritar os whovians, inclusive acrescentando uma fangirl do Doctor que não tem nenhuma função específica (próxima companion por favor).

 

A consciência fica, naturalmente, a cargo da querida Rose "Bad Wolf " "The Moment" Tyler. Ela aparece não só para mostra que Billie Pipper é uma boa atriz, apesar DISSO existir (sorry Britney), mas para a grande sacada de amarrar a história do Doctor Hurt com o Doctor Eccleston. Encarregada mostrar as consequências do massacre de bilhões para acabar com uma guerra (que o Doctor, conhecedor da história da humanidade, deveria saber), Rose linda mostra um futuro específico para servir ao propósito final de impedir a destruição de Gallifrey. Sim, é a Clara que acaba sendo "a voz da consciência", mas porque abrir uma fenda justamente para aquele momento? No fim, Rose, The Moment, mostra que é o Mestre do Magos de Doctor Who.

 

Eu sei que Moffat é o cara que nos deu primeiro episódio de Jack Harkness (are you my mummy), River Song, Weeping Angels e a volta de Gallifrey (e por isso agradeço), mas não consigo deixar de pensar no que o episódio especial de 50 anos poderia ter sido nas mãos de um autor que se importa mais com desenvolvimento de personagens do que com reviravoltas. 

 

Para finalizar, devo dizer que apesar de ter sentido falta da Martha Jones com o pessoal da UNIT e de odiar o Sr. 9th por ter brigado com a galera, o episódio foi muito emocionante. É bizarro como 76 minutos de filme podem transmitir todo um espectro de emoções mais variadas. Que continue assim porque estarei lá no centenário da série.

PS: menção honrosa para Night of the Doctor e Doctor McGann sendo lindo.

PS²: menção honrosa para o especial Five-ish, que fechou a homenagem de maneira brilhante!

PS³: RIP DALEKS, porque Gallifreyans não podem morrer, mas Daleks podem...



5 melhores momentos de The Day of the Doctor (ordem aleatória):

1. Todos os Doctors, inclusive Capaldi, salvando Gallifrey.
2. Volta do fez
3. The round things (para escolher apenas uma pérola do Doctor Tennant)
4. Doctor Hurt zoando os outros dois por apontarem a sonic screwdriver aleatoriamente pras pessoas
5. Regeneração do Doctor Hurt - aquele momento em que quase apareceu o Eccleston
Menção honrosa: pobre coelhinho

Um comentário:

Juliana Dantas disse...

~o MoMeeenTOOO MaIS sOooMbriiIIo Do DocTAH!!!11!1~

Tudo isso para um dragão piadista e a Clara com o argumento de "bu the chiiildren!!", sei não, gosto de mais desespero no meu cenário de guerra.

Billie Piper foi totalmente fanbait, mas aposto que ela estaria se comportando como a fangirl do asma se tivesse sendo a Roes, então graçadeus que não tivemos que ver Moffat!Rose de novo.

Mas não foi horrível e eu gostei de ter Gallifrey de volta, mesmo que o como como a coisa foi feita ter deixado um gosto amargo, já que torna toda aquela dor do 9th (principalmente) e 10th numa coisa vazia. E outra, se era pra ele se esquecer no final, PORQUE DIABOS NÃO COLOCARAM O EIGHTH??? ELE É O DOCTOR DA AMANÉSIA! (Ainda impressionada que ele tenha passado 6 min sem nenhuma vez perder a memória no minsódio. Four for you Eight! You go, Eighth!)
Ver a nerdaidada toda foi maravilhoso, não é todo dia em que você esbarra numa guria num cosplay de 4th Doctor na fila do pão de queijo, maaaaaas eu ainda preferia que todos os Doctors tivessem participado, que fosse uma celebração dos 50 anos e não dos 8...