16 de abr. de 2016

O girl power despretensioso de Rua Cloverfield 10

Um filme que ninguém sabia da existência antes do trailer que apareceu sorrateiramente dois meses antes e deu um tapa na cara de todo mundo com atmosfera claustrofóbica e suspense de qualidade.

A verdade está lá fora
Antes de mais nada, sim, é uma continuação de continuação de Cloverfield, mas quanto menos você souber sobre a história, melhor. Basta dizer que uma garota foi sequestrada por um homem suspeito e agora está num bunker, a salvo do que está do lado de fora. A atuação e construção dos personagens é o ponto alto do filme, pois seguram a sua atenção com muita competência.

Um filme com poucos atores, pouca ação e que segura todo seu potencial na construção da tensão entre os personagens precisa de roteiro, direção e atuação que entreguem cenas convincentes e Rua Cloverfield 10 convence muito. Com 1h43 de duração, o filme é puro suspense do início ao fim. O roteiro usa um recurso que algumas grandes produções de hoje esqueceram, que é deixar as coisas para o espectador tentar descobrir ou entender aos poucos, no tempo dos personagens. Parece que você está no bunker com eles tentando descobrir o que aconteceu.

No entanto, a coisa que me deixou mais feliz sobre esse filme é a como construíram a protagonista. Ela é uma garota comum, não é hiper sexualizada, não é estuprada, não é manic pixie dream girl, não é masculinizada e nem mary sue. Michelle é uma garota que escolhe deixar um relacionamento que não estava dando certo, que almeja ser uma estilista e encontra-se em uma situação extrema em que ela precisa ser criativa e esperta para entender o que acontece e como pode se safar. Difícil falar mais sem dar spoilers, mas guardando a escala das coisas, Michelle é a Furiosa do nosso mundo.

Rua Cloverfield 10 mostra, assim como Estrada da Fúria também, que é possível fazer franquias despretensiosas e menores, com cuidado com os personagens e mulheres como protagonistas ou co-protagonistas. É uma continuação inesperada também, que faz perguntar o que poderá vir depois nessa franquia, que era só um filminho pequeno de um diretor estreante.

Cloverfield

Caso você tenha perdido a oportunidade de assistir Cloverfield na vida, o filme é a história de jovens comuns sobrevivendo a um ataque alienígena em Nova York. Mas, diferente de outros filmes do gênero, nós sabemos o mesmo que o personagens e as preocupações dele, como em salvar uma amiga, viram as nossas preocupações, muito além do ataque em si. Como é feito com orçamento reduzido, o filme utiliza o recurso da câmera na mão e primeira pessoa, que ficou muito famoso com A Bruxa de Blair, para reduzir os efeitos especiais e isso dá um charme especial à produção. Nenhum dos personagens volta para a sequência, mas se passa no mesmo universo.

Foi o primeiro filme do diretor Matt Reeves, que veio a dirigir o sensacional Planeta dos Macacos - O Confronto, e foi escrito por Drew Goddard, o mesmo roteirista de Perdido em Marte, um dos melhores filmes de 2015, e que escreveu episódios de Buffy, Demolidor e várias outras séries de ação. Seguindo a tendência, Rua Cloverfield 10 é o primeiro filme longa metragem do diretor Dan Trachtenberg e também o primeiro roteiro de Josh Campbell. que estréia.

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